A ARTE é uma manifestação do espírito humano que se encontra latente em cada um de nós e que é expressão das nossas capacidades criativas. Ela manifesta-se em várias formas e desperta em nós estados emocionais que são o seu resultado imediato e seu propósito primário. Além disto ela é também forma de comunicação e transmissão de ideias. Por vezes provocatória pode mudar a Humanidade e gerar revoluções.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A filosofia da Caixa Preta


 "A Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma futura filosofia da fotografia" é uma obra do filósofo Vilém Flusser, escrita em 1983, na qual o autor tenta formular uma teoria filosófica, que possa explicar a fotografia e os atos relacionados a ela. A obra é dividida em nove capítulos intitulados "A imagem", "A imagem técnica", "O aparelho", "O gesto de fotografar", "A fotografia", "A distribuição da fotografia", "A recepção da fotografia", "O universo fotográfico" e "A necessidade de uma filosofia da fotografia"

                                      Arte: Grafite, aquarela, lápis de cor e fita adesiva.de André Toma


"Escrever é como um labirinto de espelhos que se vai construindo enquanto se perde a si mesmo dentro dele." filósofo tcheco Vilém Flusser.

A obra de Vilém Flusser (1920-1991) desvenda a tentativa milenar da humanidade de superar suas limitações físicas por meio da tecnologia. Flusse, filósofo nascido em Praga, na atual República Tcheca, passou cerca de 30 anos de sua vida no Brasil, onde engajou-se no debate filosófico e foi o principal mentor intelectual de várias gerações de artistas brasileiros que enfrentaram o desafio da tecnologia.


                                                   O portão Brandenburg /Berlim- 

                                                    lente olho de peixe

                                                   foto: Fabrizio Bensch


A Imagem
O livro começa tratando da imagem e sua função nos tempos modernos. O autor explica que a imagem tem se tornado cada vez mais importante e passou a substituir até mesmo textos informativos, o que o autor julga ser errado, uma vez que o homem deveria aproveitá-las para enriquecer os textos, complementando-os e não substituindo-os. Flusser destaca também que uma imagem pode variar de acordo com a interpretação que o fotógrafo faz da situação e também com o julgamento que o receptor faz dessa imagem. Esse último pode variar de acordo com a bagagem cultural do receptor e com suas sensações pessoais.


A Imagem Técnica
No segundo capítulo, o filósofo segue tratando da imagem, mas passa a fazer uma comparação entre a imagem tradicional e a imagem técnica (produzida por aparelhos), que para ele, simboliza uma espécie de evolução no modo de pensar e enxergar a imagem. Ele diz que a imagem técnica requer toda uma estratégia, que gira em torno de um pensamento crítico do mundo. Segundo Flusser, ao passar por esse processo a imagem ganha o valor de destaque, mas mesmo assim não deve ser utilizada como forma de substituição de um raciocínio lógico baseado em fatos. Ele cita também que essas imagens podem ser usadas de forma a criar um envolvimento com a cultura do povo, a fim de disseminar uma ideia sobre determinado acontecimento.


O Aparelho
Flusser baseia seu terceiro capítulo na aparelho que permite ao homem capturar uma imagem, ou seja, a câmara fotográfica. Ele a define como um produto que serve para gerar produtos e afirma que a máquina de fotografar é uma prolongação dos olhos do fotógrafo. Assim, ele explica que é necessário ter discernimento para encontrar, em um mundo tão cheio de imagens, aquelas que possam significar alguma coisa e que possam adquirir valor. Ele diz que o usuário comum vê o aparelho como uma caixa mágica capaz de produzir imagens e a utiliza como um brinquedo, sem dar importância ao valor da imagem. O autor fala também sobre a manipulação da imagem e como essa é influenciada pelo fotógrafo e pela indústria fotográfica, dizendo que a imagem é influenciada pelo fotógrafo, que por sua vez é influenciado pela indústria fotográfica, e, assim, a imagem chega ao receptor de forma bastante distorcida por interesses dos envolvidos no ato de fotografar.


O Gesto de Fotografar
Dessa forma, o quarto capítulo trata justamente do gesto de fotografar. Nele, o autor faz uma comparação entre o ato de fotografar com a caça, sendo o fotógrafo o caçador, “armado” com sua câmara fotográfica, e as boas imagens, as presas. Flusser reafirma a ideia da necessidade de imagens interessantes, informativas e ao mesmo tempo inéditas. Ele explica também que uma situação não pode ser fotografada exatamente como acontece, e, por isso, é necessário que o fotógrafo faça uma seqüência de fotos que possam ilustrar o acontecido da forma mais realista possível. O filósofo explica que a práxis fotográfica obedece a certas regras e restrições de aparelhagem, além de respeitar sempre um determinado ponto de vista, defendido, inevitavelmente, pelo fotógrafo.


A Fotografia
Já o capítulo seguinte, trata da fotografia impressa, propriamente dita. Flusser diz que as fotografias mais verdadeiras são aquelas em que se pode imaginar algo, dependendo assim de um raciocínio para a interpretação da fotografia. Fala também que as cores da fotografia acabam por torná-las dependentes da tecnologia usada para que existam, subestimando o valor que a imagem impressa possui. O autor afirma que o papel do fotógrafo é eternizar momentos em imagens, e que estas precisam ter algum significado, que exija interpretação do receptor para sua compreensão, o que acaba na formação de uma crítica fotográfica na mente do receptor.


A Distribuição da Fotografia

O filósofo dá continuidade a sua obra tratando da distribuição das fotografias para o público receptor. Ele diz que a fotografia é extremamente interessante pois pode ser multiplicada diversas vezes, o que a diferencia de outros tipos de imagem. O autor cita tipos de fotografia, utilizados como notícia, publicidade ou como forma de arte. Ele explica que uma fotografia pode ter valor comercial, informativo ou essencialmente artístico, dependendo da forma como é apresentada. Novamente, Flusser reitera a ideia de manipulação da imagem para o benefício do fotógrafo ou do meio de distribuição.


A Recepção da Fotografia

No sétimo capítulo é abordada a recepção da imagem da fotografia. O autor afirma que a fotografia precisa ter valor para o receptor. Ele diz que, como objeto, a fotografia não tem valor nenhum, pois é algo bastante comum que pode ser criado por qualquer pessoa. O que importa na realidade é a capacidade do fotógrafo de retratar momentos que tenham significado. Flusser diz também que por muitas vezes achamos que estamos eternizando um momento, quando na verdade, somos simplesmente seduzidos a bater uma fotografia sem valor algum. Novamente, critica a postura de substituição de textos por imagens, afirmando que hoje em dia, os textos existem por causa da imagem e não a imagem como complemento do texto.


O Universo Fotográfico
No capítulo seguinte, Flusser dá exemplos de como estamos sendo consumidos por um universo fotográfico. Ele afirma que estamos tão acostumados com as imagens que já não questionamos seu valor e nem paramos para realmente prestar atenção no que aquela fotografia quer nos dizer. Fala também sobre o fato de o fotógrafo ter se tornado uma peça pouco significativa no mundo da indústria fotográfica. O autor diz que a imagem surgiu como forma de nos poupar trabalho, mas que acabou por alienar a população do que realmente acontece ao apresentar, sem parar, imagens que para a massa não tem significado. Ele diz que participar desse universo fotográfico significa viver e agir em função do ato de fotografar.


A Necessidade de uma Filosofia da Fotografia
Em seu último capítulo, o autor fala da urgência em se criar uma filosofia fotográfica, para que o homem possa voltar a comandar o ato de fotografar. O autor cita trechos e idéias dos capítulos anteriores para formar um quadro que explique a importância desses conceitos. Ele apresenta teorias que regem o universo fotográfico, dizendo que é preciso que essa filosofia liberte o fotógrafo das imposições da indústria fotográfica. Flusser afirma que a tecnologia tem enfraquecido a capacidade de pensar do homem. Ele diz que quanto mais facilidade temos para realizar os trabalhos, mais nos acomodamos e nos alienamos, deixando a tecnologia comandar nossas vidas. Assim, ele termina seu livro, explicando que uma filosofia da fotografia serviria como agente libertador do homem de um mundo programado, no qual se encontra preso à regras e obrigações.


Fonte de pesquisa: Wikipédia


                              Arte:desenho em Grafite e Nanquim de Veridiana Rodrigues



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Grafite a arte democrática

Grafite ou grafito(do italiano graffiti, plural de graffito) é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade. Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais.


                                         Espanha - Forum de Barcelona 2004- 
                                         foto Vincent Ramos



Dentre os grafiteiros, talvez o mais célebre seja Jean Michel Basquiat, que, no final dos anos 70, despertou a atenção da imprensa novaiorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o grafite como arte em museus de arte. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços altos em leilões de arte.




                                              Trailer do filme Basquiat de 1996


Artistas Grafiteiros especificamente, da street art ou arte urbana - em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Entretanto ainda há quem não concorde, comparando o grafite com a pichação, pois em diversos países ambos configuram crime de vandalismo quando realizados sem a devida autorização, tanto em propriedade pública ou privada.


Hoje a arte de rua é aceita a ponto de ocupar galerias e museus (como prova a coletiva De Dentro para Fora/De Fora para Dentro, no Masp), parte da responsabilidade é de Gustavo e Otávio Pandolfo. Sob a alcunha osgemeos, os irmãos, que começaram grafitando seus bonecos de cabeção amarelo nos muros e viadutos da cidade, exibem suas criações em algumas das instituições mais prestigiadas do planeta.


“Grafite se aprende na rua. Nesse sentido, São Paulo foi uma grande escola”, explica Otávio. “Quando vamos para fora, levamos um pouco daqui conosco”, completa Gustavo


                                                  
                                                  Estrangeiro - Vale do Anhagabau -SP
                                                  Osgemeos


Embora autoral, o grafite e é arte intrinsecamente democrática. O desenho fica exposto a toda população sem distinção ou restrição – basta olhar a cidade. A efemeridade lhe insere um sentido de desprendimento. A noção de posse da obra é eliminada.


 “O graffiti mantém um diálogo muito rico entre os transeuntes e o poder público. Levanta questões sobre de quem é a cidade. Resgata o verdadeiro conceito de público”.

É sempre muito curioso como as pessoas se relacionam com as imagens. O grafite ocupa o espaço e interage o tempo inteiro. Desde pautar olhares transgressores e reflexivos até situações engraçadas. Quem nunca, por exemplo, ao indicar um caminho, disse “olha só! pega a primeira esquerda e vira na quarta a direita, na rua onde tem um graffiti bem colorido na esquina”. Ou ficou surpreso ao se deparar com a frase o amor é importante, porra!

O grafite humaniza e transforma o espaço urbano
.



                                            Estação Palmeira do teleférico 
                                            Complexo do Alemão. Rio de Janeiro
                                            foto de Tonho Crocco



Fonte de pesquisa: Wikipédia.Enciclopédia Livre.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dia do Artista Plástico




O dia do artista plástico é comemorado em 8 de maio, em homenagem ao artista José Ferraz de Almeida Júnior, que nasceu no mesmo dia, no ano de 1851, na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Considerado pintor e desenhista brasileiro, precursor da abordagem de temática regionalista, introduziu, na arte acadêmica, personagens simples e anônimos, retratando a cultura caipira.





Moça com livro, sem data. museu de arte de São paulo

Progressivamente substitui temas bíblicos, alegorias românticas ou nacionalista dos pintores da Academia, aproximando-se do ser humano comum. A adoção do rigor acadêmico no desenho e na anatomia, em favor de um naturalismo, auferiu-lhe a posição de precursor do Realismo, na história da arte brasileira.





Apóstolo São Paulo, 1869- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, Itu.


Almeida Júnior participou de quatro edições do Salon de Paris, entre 1879 e 1882. É desse período que datam algumas de suas maiores obras-primas, como O Derrubador Brasileiro e Remorso de Judas (Salon de 1880), A Fuga para o Egito (Salon de 1881) e O Descanso do Modelo (Salon de 1882). Outras obras emblemáticas do período francês do pintor são Arredores de Paris e Arredores do Louvre, além de, possivelmente, um conjunto de dezesseis telas retratando o bairro de Montmartre, cuja localização é atualmente desconhecida.Em 1876, durante uma viagem ao interior paulista, o ImperadorD. Pedro II, impressionado com seu trabalho, ofereceu pessoalmente a Almeida Júnior o custeio de uma viagem a Europa, para aperfeiçoar seus estudos.






Arredores do Louvre, 1880- Automóvel Clube, São Paulo


Almeida Júnior permaneceu em Paris até 1882. Nesse ano, fez uma breve viagem à Itália, onde teve contato com os irmãos Rodolfo e Henrique Bernardelli..



Fuga para o Egito, 1881-Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro


De volta ao Brasil em 1882, Almeida Júnior realiza sua primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes, exibindo sua produção parisiense. .




O descanso do modelo, 1882- Museu Nacional de Belas Arte, Rio de Janeiro


No ano seguinte, abre seu ateliê na rua da Glória, em São Paulo, por meio do qual irá contribuir para a formação de novas gerações de pintores, dentre os quais, Pedro Alexandrino. Em São Paulo, Almeida Júnior promoveu vernissages exclusivas para a imprensa e potenciais compradores. Executou retratos de barões do café, de professores da Faculdade de Direito de São paulo e de partidários do movimento republicano, além de paisagens e pinturas de gênero. Sua atuação como artista consagrado em São Paulo contribui decisivamente para o amadurecimento artístico da capital paulista.





Caipiras negaceando, 1888 Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Em 1884, expõe novamente suas telas do período parisiense na 26ª Exposição Geral de Belas Artes da AIBA que foi a última e certamente a mais importante exposição realizada no período imperial.Em  1884, o pintor recebe o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, concedido pelo governo imperial. No ano seguinte, recusa o convite de Victor Meirelles para ocupar sua vaga de professor de pintura histórica da Academia, permanecendo em São Paulo. Entre 1887 e 1896, realiza outras três viagens à Europa, a última delas em companhia de seu discípulo, Pedro Alexandrino, então agraciado com uma bolsa de estudos do governo paulista.


(Tela- Caipiras negaceando, 1888 Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro)

No seu último período, Almeida Júnior irá progressivamente substituir os temas bíblicos e históricos pelas obras de temática regionalista, justamente as que lhe granjeariam no futuro sua posição de precursor do Realismo na história da arte brasileira.
Em pinturas como Caipira Picando Fumo (1893), Amolação Interrompida (1894) e O Violeiro (1899), o artista revela seu desejo de aproximar-se do cotidiano do homem do interior, distanciando-se das fórmulas generalistas da pintura acadêmica e aproximando-se cada vez mais da abordagem pictórica naturalista. Não obstante sua nova orientação estilística, seu prestígio permanece inconteste na Academia, que expõe obras de sua fase regionalista (Leitura e Piquenique no Rio das Pedras,(1892) e lhe concede a medalha de ouro por A Partida da Monção (1894), exposta no Salão de 1898.





O Violeiro, 1899- Pinacoteca do Estado, São Paulo





Caipira Picando Fumo, 1893 - Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Almeida Júnior morreu precocemente, aos 49 anos, em 13 de novembro de 1899. Foi apunhalado em frente ao Hotel Central de Piracicaba, hoje já demolido, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos.






Saudade, 1899 Pinacoteca de São Paulo



(O Derrubador Brasileiro, 1879 -Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Almeida Júnior é considerado um importante "pintor do nacional" por uma parcela da crítica brasileira, por retratar em muitas de suas obras o caipira paulista. Também a forma como trata seus temas, distanciando-se das alegorias românticas ou do ufanismo nacionalista histórico dos pintores da Academia, aproximando-se do ser humano comum, leva alguns críticos a traçarem uma semelhança de sua obra com a do pintor francês Gustave Courbet, artista cuja obra Almeida Júnior teria visto em suas viagens para a Europa. Também é digno de nota que na mesma época que Almeida Júnior esteve na França, o movimento impressionista estava em plena atividade, no entanto, não causou nenhum entusiasmo no pintor brasileiro, que não adotou nenhum elemento dele.
O clareamento da paleta e a adoção da luz brasileira não o fizeram abandonar, no entanto, o rigor acadêmico com o desenho e a anatomia.



Leitura, 1892 - Pinacoteca do Estado, São Paulo